Resenhas Stout Club 2015

A editora Stout Club enviou para a avaliação da equipe Café com HQ duas de suas HQs mais atuais. A primeira é A História Mais Triste do Mundo, com roteiro e arte de Eduardo Medeiros e a segunda é Far South da dupla estrangeira Rodolfo Santullo (roteirista uruguaio) e Leandro Fernandez (desenhista argentino). Segue então a nossa opinião.

A História Mais Triste do Mundo

tristeTodos temos na lembrança um momento de derrota na vida, seja em casa, na rua, no trabalho ou na escola, em que naquela hora o mundo parecia que ia acabar e você queria se esconder em um buraco fundo na terra, mas, hoje, contar e lembrar esta história acaba sendo muito engraçado. É essa a premissa desta história em quadrinhos do Eduardo Medeiros: contar uma história do jovem (auto-intitulado) retro-punk Matias, a qual o próprio personagem realmente considera ser a mais triste do mundo.

Este álbum de 40 páginas tem uma narrativa perfeitamente conduzida que se aproveita muito bem das passagens mostradas e diálogos ironizando estes momentos da vida do protagonista utilizando uma narração em terceira pessoa. Isso ainda sem deixar o ritmo lento ou rápido demais, o que é sempre um ponto fraco na maioria das HQs de quantidade de páginas como essa.

A arte com personagens e cenários bastante estilizados casa com perfeição no tema abordado, mas sem tirar a sensação de identificação do leitor que aquela história pode ser a de qualquer amigo ou amiga sua, ou ainda uma própria.

A História Mais Triste do Mundo na verdade é uma história muito simples, mas contada com maestria e muito humor pela mente criativa do Medeiros, que foi muito bem editorada pela Stout Club.

Eduardo Medeiro lança ainda em 2015 o livro Sopa de Salsicha (que, aproveitando piada pronta, estava cozinhando há anos), baseado em sua própria vida e suas tirinhas que publicadas no seu site, o primeiro volume de Open Bar, além de uma HQ curta provisoriamente chamada NERD e ele também tem 7 páginas suas no álbum que homenageia e conta um pouco dos 80 anos da vida de Maurício de Sousa. Fiquem ligados!

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Far South

A primeira coisa que me veio a cabeça ao ver o título Far South colado sobre esta capa linda remetendo aos faroestes clássicos é o trocadilho com far west (abrasileirado para faroeste). E o título caiu muito bem nessa obra que é populada por figurões da fronteira gaúcha, nossos colegas latinos das américas e seus cenários, com uma a iluminação e narrativa noir, amarrando tudo com uma ação digna dos melhores filmes de bang-bang.

Só pela temática o álbum já cativaria muitos fãs do gênero, mas com um olhar mais cuidadoso as nuances da obra se destacam e dão maior valor ao trabalho. Na arte de Leandro Fernandez, por exemplo, o realismo caricatural traz ao leitor a primeira impressão do personagem pelo que ele aparenta. Um que parece um sagaz rato, outro um bruto rinoceronte, uma femme fatale que provoca e ataca como uma gata, entre muitos outros, todos revelando que houve ali um cuidadoso trabalho ao desenvolver a pisquê e o visual de cada integrante da narrativa.

Interessante também a opção por trabalhar com duas cores nesta HQ, sendo uma sempre diferente a cada parte da história, complementando a arte-final cuidadosa em preto. Apesar de não ver nenhum motivo óbvio para a escolha das cores especificamente em cada parte, é interessante ver uma brincadeira narrativa que Fernandez faz sobre isso no final da história.

Quanto ao roteiro, muito afiado e direto, os diálogos são bem escritos, dando detalhes na medida certa à trama e com total controle ao mostrar e esconder momentos da história. Bom notar também que além dos desenhos, os atores nesta história possuem cada um seus objetivos, níveis de sanidade e personalidades bem diferentes.

Far South é uma obra muito madura e respeitável, que faz jus ao texto de Eduardo Risso na abertura do álbum, e que com certeza merecerá atenção nas próximas premiações aqui no Brasil.

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