COMENTANDO TIRAS – Bolinha Sem Nome

Demorou, mas estamos de volta com mais um Comentando Tiras!

Nessa sessão avaliamos as três últimas páginas ou tiras do seu site de quadrinhos e discutimos o que faríamos para melhorá-las.

O avaliado de hoje é o Vinícius Folim, do site de tiras Bolinha Sem Nome.

Quer participar? Mande um e-mail para contato@cafecomhq.com ou comente aqui no Café.

Rafael Dourado – Primeira coisa é que eu gostei dessa estética “desenho de paintbursh”, tudo pixelado. Uma certa nostalgia, como as aberturas de videogames 8 bits. Agora, uma vez optando por essa estética, é preciso escolher com mais cuidado os ângulos e as cores para deixar os desenhos “identificáveis”. Antes de achar que o bacon era um bacon, eu identifiquei como uma colcha listrada com asas.
Aliás, são asas mesmo, certo? O desenho poderia estar sendo bem mais “ilustrativo” – perceba que a piada funciona sem desenho nenhum (se fosse só a bolinha rosa falando nos 4 quadrinhos o efeito seria o mesmo, ou ela fazendo um x-bacon enquanto fala, por exemplo).
Um cuidado importante é com o espaçamento entre os quadros. Nas colunas há uma separação bem diferente do que nas linhas, e isso pode comprometer a clareza da leitura (ao invés de parecer uma HQ de 4 quadros, pode parecer duas tiras verticais de 2 quadros cada uma).

Wesley Samp – Quando o Vinicius pediu para participar do Comentando Tiras ele comentou que “fazia no paint mesmo”, como se isso fosse ruim. Acho que já comentei isso, mas qualquer ferramenta é válida para fazer quadrinhos, desde que o resultado seja satisfatório. Inclusive combina bem com os personagens de traço mais simples, como o Dourado comentou, dá um climão meio 8-bits.
Achei legal a brincadeira de comparar luz e trevas com bacon e salada. Só não consegui entender a última frase “E foi a má alimentação e a alimentação saudável o dia primeiro”. E talvez por isso eu tenha achado que ela ficou sobrando. Sem essa frase o texto teria ficado mais dinâmico e ainda manteria a piada.

Rafael Marçal – A piada é boa, toma partido e usa um nicho interessante na internet: Os adoradores de bacon. Mas tem alguns erros de execução, coisa boba. Primeiro os erros de ortografia e gramática, vamos iniciar as frases com letras maiúsculas, dar espaço depois e não antes da vírgula. No último quadro me deu a impressão de que faltou o ponto final antes de dizer “O dia primeiro”, para fechar como um relatório diário da criação.
Leonardo Maciel – Adorei essa piada. O primeiro ponto é o desenho, não tem nada de errado com a estética que você adotou, acho que ficou legal, como falou o Dourado, mas perca a mania de depreciar o próprio trabalho. O “faço no paint mesmo” é uma auto depreciação que só te prejudica, você não tem que justificar seu trabalho, isso contribui pra transmitir um aspecto profissional nele.

Mas mesmo fazendo no paint acho que você tem que tomar alguns cuidados, como olhar como outros artistas que você admira desenham bacon, do jeito que você desenhou ficou difícil reconhecer sem a ajuda do texto, principalmente por causa das asas. Concordo com o Dourado quanto ao espaçamento entre os quadros (o vertical e o horizontal devem ter espessuras parecidas) e por último, e isso é o que mais me incomodou em todas as suas tiras, gostaria de ver mais variação na composição dos seus quadros. Faça um close de um personagem em um quadro, mostre outros elementos ( a salada?) ou pelo menos mude a posição e expressão do personagem.

Rodrigo Chaves – Essa tira tem os problemas de texto colocados pelos colegas, mas eu também estou com um problema em relação aos desenhos. Aquilo é um Bacon anjinho soltando um hadouken? No segundo quadro isso até tem a ver com o que está sendo dito no texto, mas nos outros quadros o desenho não acompanha o texto. Acho que fazer uma arte que realmente complemente o que está sendo dito no texto faria essa piada ficar muito melhor. Aqui a vontade de fazer o Ctrl+C Ctrl+V nos desenhos (ou seria preguiça?) prejudica uma idéia que era boa.

Rafael Dourado – Aqui não é bem uma piada, é mais um “desabafo”. Pra funcionar, poderia propor um contraponto – terminar a tira dizendo algo como “bom era antigamente” e citar uma banda antiga que fosse idêntica as bandas de hoje em dia, só pela ironia. Ou a bolinha mascarada dizer algo como “pra mim tanto faz, sou surdo”, ou então “não é mais fácil você começar a ouvir outra rádio?”

Wesley Samp – Ih, faltou a piada. Era pra ter uma piada? Fiquei com a impressão que a tira ia terminar com uma piada.
Nessa tira também sobrou muito espaço dentro dos quadros. Daria pra amenizar isso no 2º e 3º quadros, por exemplo, dando um close no personagem que está falando. No primeiro e no último quadro, o texto poderia ficar mais ao alto para preencher melhor os espaços.

Rafael Marçal – Os mesmos errinhos de execução da primeira e com uma levada mais de protesto do que de humor, me incomodou que os personagens não mudam a posição dos olhos.

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Leonardo Maciel – Você comete um erro aqui que já comentei antes nessa sessão e que vejo que é muito comum nas suas tiras. Posição do texto e dos personagens. Como lemos da esquerda pra direita, é sempre bom colocar o personagem que vai falar primeiro à esquerda do quadro, isso deixa a leitura mais fluída e confunde menos o leitor.
No último quadro você colocou os balões de uma maneira meio confusa. O “vamos nos unir!” está mais em cima, mas muito à direita no quadro, já o “vamos acabar com essa merda!!!” está mais em baixo mas muito à esquerda. O resultado é que eu não tenho certeza de qual das duas falas eu deveria ler primeiro. Deixe essa separação mais clara, a fala que deve ser lida primeiro deve estar acima E à esquerda. Preste atenção nisso porque vi que é um erro comum em outras tiras suas e teve alguns casos em que li o fim da piada antes de ler o meio dela.

Mas no geral o trabalho tá bom cara.

Rafael Dourado – Gostei muito desta. Embora eu acho que a frase do último quadrinho deveria ser algo como: “E aí, quem ganhou?” e o outro “é um saco não ter dedos”..
E quanto ao “pera” do segundo quadrinho, a brincadeira com cores pode ter prejudicado a leitura. E não é Jo Ken Pô?

Wesley Samp – A piada aqui funcionou pra mim, mas eu optaria por deixá-la menos óbvia. Ao invés de dizer “a gente não tem dedo” usaria uma frase que apenas sugerisse isso, como as que o Dourado citou.

No geral, acho que o Vinicius pode trabalhar mais o ritmo das histórias. Pensar melhor os textos, sempre tentando imaginar como a piada vai ficar mais redonda. Uma dica é prestar atenção em como seus autores favoritos trabalham isso, como eles costumam fechar a piada.

Rafael Marçal – Sobre essa tira eu já informo que estou contatando meus advogados e te acionarei por plágio, sim amigo, parafraseando o Rafael Dourado: Eu já fiz uma tira sobre isso (http://profeticos.net/replica-e-treplica/) e novamente vou pegar no pé do português correto, não gosto de “pera” no lugar de “espera”, mas é só implicância minha, acho também que o correto é Jo Kem Pô e aquele monte de exclamação no final das frases também me deixa maluco.

No mais acho que o que você já tem te garante, só achar agora a melhor forma de executar a confecção das tiras. Nada muito grave, parabéns!

Leonardo Maciel – Legal essa tira também. Acho que o “puchline”, o fim da piada, realmente ficaria melhor com uma das alternativas do Dourado. Mas não concordo com o Marçal quanto a escrever espera no lugar de pera. Embora eu seja um defensor do português correto (detesto abreviações e principalmente emoticons, como :), detesto!), acho que na fala dos personagens devemos escrever de maneira mais coloquial. Afinal ninguém fala espera, todo mundo fala pera.

Minha critica quanto a essa tira é em relação às cores. Uma coisa que não gosto, e muita gente pode não concordar, é essa variação na cor de fundo dos quadros. Eu acredito que só devemos mudar a cor do quadro pra ressaltar uma mudança de ambiente na história ou pra dar ênfase em algum momento importante. Por exemplo, se você tivesse usado uma mesma cor no primeiro, terceiro e quarto quadros, mas tivesse usado uma cor diferente apenas no segundo quadro (como uma cor mais saturada), isso teria destacado o momento do Pera!
Essa mudança constante e gratuita nas cores mais confunde do que ajuda. Pense nisso, a cor do fundo altera a cor dos personagens e objetos em primeiro plano. Nos três últimos quadros as linhas amarelas praticamente sumiram por causa das cores do fundo. Por último a cor do texto, qualquer um que tenha estudado design pode te dizer, escrever uma palavra com cada letra ou sílaba de uma cor é um dos maiores erros que prejudicam a leitura que você pode cometer. Escolha uma cor pra palavra e mantenha ela na palavra inteira. Por quê? Olhe o pera no segundo quadro. O vermelho é uma cor quente, em contraste com o azul do fundo, que é frio, por isso essa letra aparece muito mais do que as outras, prejudicando a leitura da palavra como um todo.

Rodrigo Chaves – Comentando apenas na última pois acho que tudo o que tinha quase tudo o que tinha que ser dito já foi dito pelos colegas, sobre pensar e revisar melhor os textos (quando é difícil de ler a tira, de entender o texto, a tira perde impacto e a graça) e sobre o desenho ser simples, mas bacana e tal.
E tenho que discordar do Leo, acho que a mudança de cores de fundo nos quadrinhos dá um ritmo visual para a tira que considero interessante. Claro, tem que cuidar a relação dessas cores com as cores dos personagens, mas a mudança em si não é uma coisa ruim.

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4 comentários

  • Junior Sousa

    Não desrespeitando o trabalho dele, mais era melhor ele fazer no Corel as tirinha… e sobre o português tem que melhorar mesmo (pouca coisa mais tem 😀 ) e claro fazer os personagens sempre de um lado diferente nas tiras, e aproveita melhor o espaço dos quadros, bom essas são minhas dicas 😀

  • Sobre os textos das tiras, sugeriria que ou escrevesse todas as letras em minúscula, ou então colocasse as devidas maiúsculas; prefiro a segunda opção, mas o que precisa haver mesmo é coerência. Se você escreve sempre em minúscula, é sua escolha estilística; se de vez em quando surge uma maiúscula, é porque você não sabe escrever direito. 🙂

    Mesmo notando que as maiúsculas devem ter sido colocadas na tentativa de dar ao discurso “divino” um ar de sobriedade, acho que não funcionou muito bem (ao menos pra mim).

    O mesmo vale pra pontuação. Ou pontua todas as frases, ou não pontua nenhuma. Novamente, acho que fica melhor com a devida pontuação, mas o importante é a coerência. E não estou falando das exclamações e interrogações (necessárias para dar a devida ênfase ou identificar um questionamento), mas do ponto final mesmo.

    Embora HQ não seja exatamente literatura, é uma forma de arte que se utiliza da linguagem escrita. Portanto, trabalhar o texto e o estilo é tão importante quando trabalhar a arte.

    A primeira tira, não sei o que pensar desta ideia que mistura luz e trevas x bacon e comida saudável x gênesis. Não consigo avaliar. Não gostei nem desgostei.

    Na segunda tira, dei uma boiada. Soou pra mim como um comentário solto de Facebook ou Twitter, só que em quadrinhos. Talvez funcionasse melhor como parte de uma sequência mas, isolada, não fez muito sentido pra mim.

    Quando leio uma tira, meu objetivo é tentar entender o porquê de o autor tê-la confeccionado pra transmitir aquela ideia. O formato quadrinhos tem diversos recursos para entreter e prender a atenção do leitor. Na verdade, é aí que está a arte da coisa: passar uma mensagem completa num curto espaço de três ou quatro quadros, controlando conscientemente estes recursos. No caso desta tira, se você tirar os quadros e personagens, e arrumar as frases na ordem em que foram ditas, vai perceber que os desenhos e a formatação são completamente desnecessários, a mensagem está toda nas palavras. Ou seja, esta tira não tem uma razão de ter sido feita.

    Tenha em mente o objetivo final da sua arte: o que você quer expressar com ela? Qual a melhor forma de passar a ideia? Você quer que o expectador ria, pense, emocione-se, tema, duvide… qual sentimento você pretende despertar no leitor? E, partindo daí, desenhe e monte seu texto. Vá nos sites dos membros do Café e analise as tiras: perceberá que elas são interessantes porque existem partes da mensagem em toda a tira, não apenas nas palavras ou na arte. A expressão facial e corporal das personagens, o ritmo, a ordem do texto, as pausas dramáticas, a conclusão (deixar uma ideia subentendida para que o leitor a perceba subliminarmente), os easter eggs… tudo isso contribui para que sua tira fique mais interessante.

    A terceira foi a que eu mais gostei. Concordo com a análise do Dourado sobre as cores das letras e a conclusão da piada, com mais um detalhe: a sarjeta (espaço entre os quadrinhos) entre é muito mais larga lateralmente do que verticalmente. Isso me sugere que talvez sua intenção seja que a tira seja lida no sentido cima para baixo ao invés de esquerda para direita. E a tira tem sentido tanto se lida de um jeito como de outro (bem como a segunda). Ou seja, fiquei confuso. Como você publica na internet, vai estar lidando com os mais diversos formatos, que não existem no papel. Talvez você deva repensar a diagramação dos quadrinhos para deixar mais clara a direção da leitura e não confundir o internauta.

  • Analisem as minhas tirinhas por favor! Abraços!

  • realmente a segunda tirinha ,pareceu só um discurso de alguém revoltado com as bandas atuais p que não é novidade nenhuma ,mas a ultima como já disseram ficou muito boa,só não precisava ser tão óbvio , tambem tem os meu s sites ,que o pessoal do Cafe Com Hq ,ainda não avaliou não sei porque…
    http://podcastcinema.blogspot.com/ e o http://queheresia.blogspot.com.br/

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