Olha aí, estamos inaugurando uma nova sessão no Café com HQ! Não chega a ser novidade pois já comentamos sobre essa ideia algumas vezes no podcast, mas vamos lá.
É muito comum um autor às vezes pedir para um colega dar uma olhada no seu trabalho e dizer o que achou, dar sugestões, fazer comentários, etc. para ver o que está dando certo ou não. O lance aqui vai ser mais ou menos esse.
Quem tiver afim de ouvir a nossa opinião sobre suas tiras manda o endereço do seu site de quadrinhos pra gente. Vamos olhar as 3 tiras publicadas mais recentemente no site e fazer nossos comentários aqui, nessa sessão.
Mas é importante deixar claro: Aqui ninguém é dono da verdade e muito menos tem a intenção de cagar regras sobre o que é certo ou errado. Vamos apenas dizer nossas opiniões, o que gostamos ou o que achamos que pode melhorar. E vai ser a opinião pessoal de cada um da turma do Café, podendo até mesmo haver divergência entre essas opiniões.
E a gente espera que o restante da galera também colabore deixando suas opiniões nos comentários, o que vai aumentar o debate e o volume de informação para o autor que tiver as tiras sendo comentadas aqui.
A sessão sairá quinzenalmente, nas semanas em que não tiver episódio novo do Café.
Quem tiver afim de participar, pode mandar o endereço do seu site pro nosso e-mail: contato@cafecomhq.com.
E pra começar a brincadeira, vamos comentar primeiro com a própria galera do Café. E quem descabaça (ui!) a sessão é o André Faria do Vida de Suporte!

Leonardo Maciel – Não tenho muito pra dizer sobre essa tira. Mas uma alteração que eu definitivamente faria seria diferenciar melhor o segundo quadro, pra deixar mais claro que ele não se passa no mesmo local e tempo que os restantes. Não sei exatamente como, talvez deixando a linha do requadro mais grossa, ou adicionando um tom cinza ao fundo, não sei. Mas acho que alguma mudança aí deixaria a leitura mais simples.

Rodrigo Chaves – A tira é boa, compreensível e engraçada. Se fosse para mudar alguma coisa, eu mudaria o texto do segundo quadrinho para que ele ficasse mais linear com o do quarto quadro, criando uma continuidade melhor na fala. Do jeito que está, é como se tivesse uma mudança de tratamento, primeiro ele está falando em “coisas estranhas que viu na nota” e depois começa “eu imagino a dor…”. Não consigo imaginar uma pessoa falando essas duas frases uma depois da outra.
Outra coisa é o terceiro quadro, mas aí é uma questão de estilo. Se eu fosse fazer a tira, eu resolveria ele mais visualmente, sem precisar colocar “flashback” em cima. Talvez fazendo ele como um balão de pensamento do estagiário, não sei. Mas aí, como eu disse, é uma questão de estilo.
Sinto falta do personagem de óculos estar olhando para as notinhas e não sei se a expressão facial dele condiz com o que ele está falando.

Rafael Dourado – Senti falta de mais expressão de reação do estagiário, no estilo “fiz merda”. Também acho que o cenário do hotel precisava ter algum elemento a mais de identificação que se trata de um hotel (mas sei que ficaria estranho os dois num quarto de hotel).

Rafael Marçal – Eu entendo o estilo minimalista do André como uma coisa positiva, mas em alguns momentos fica meio difícil perceber expressões, no último quadro a expressão do gerente é a mesma do segundo quadro, mas eu esperava alguma expressão mais nervosa, ali a gente consegue imaginar ele sarcástico, mas tem que forçar.
Ah, e o logo no primeiro quadro não tá centralizado. =P
No mais curti a tira, só reparei essas coisas porque parei para isso, mesmo.

Wesley Samp – Eu gostei da tira. O principal comentário que eu tenho aqui é para o quadro do flashback. Na verdade, eu só notei o título “flashback” no quadro na 3ª leitura. Também só reparei na existência da mala na 2ª leitura. Ou seja, ali talvez fosse importante reforçar um pouco esses elementos para reforçar que se tratava de uma ação passada. Mas confesso que, mesmo tendo esses detalhes passando batido na primeira leitura, não compremeteu em nada o entendimento para mim, pois percebi, pela disposição dos personagens e do diálogo, que se tratava de outro momento.
No último quadro, apesar da situação estar bem clara, creio que o tom humorístico poderia ser reforçado se o constrangimento do Estagiário fosse mais acentuado, talvez com umas gotas de suor saltando do rosto, talvez com uma onomatopeia tipo “glup!”.

Will Leite – A tira é excelente. Mas como o pessoal disse, o quadro do flashback poderia ser trabalhado de outra forma mesmo. Um fundo cinza nesse quadro seria uma alternativa. Isso até faria que com o “Flashback” como legenda fosse ser dispensado.

Leonardo Maciel – Também, não tem muito o que mexer aqui. Eu só tenho uma questão, eu acho a piada do segundo quadro melhor do que a do terceiro, então não sei se seria necessário ter continuado a piada, mas imagino que alguém vai discordar de mim.

Rodrigo Chaves – Concordo com o Leo, a piada do terceiro quadro é melhor do que a do quarto. Mas de repente ela é sutil demais para se ficar só com ela assim como está, teria que ser mais trabalhada. Aliás, nem sei se entendo a piada do último quadrinho. Porque seria pior? É uma patada desnecessária em quem usa explorer ou existe alguma questão técnica?

Rafael Dourado – Único porém dessa piada é que ela é “de nicho”. Falo isso porque eu já fui burro o suficiente pra tentar abrir uma app vinculada à algo que não era compatível e prefiro nem entrar em detalhes disso já que ninguém além de mim testemnhou… 😛

Rafael Marçal – Sem nada a acrescentar nessa tira, é o André Farias Style Roots Mothafocka. Só mudaria o tempo do verbo no último quadro, de PODERIA para PODIA, mesmo com o risco de ficar parecido com FODIA.
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Wesley Samp – Aqui também não me chamou a atenção nenhum grande problema. A tira está na medida e, como o humor aqui está pautado principalmente no diálogo, não senti a necessidade de nada muito diferente do que o André fez na arte.

Will Leite – Nessa tira não mexeria em nada.

Leonardo Maciel – Acho que se eu fosse fazer alguma mudança aqui seria dar uma exagerada maior nas responsabilidades dele no segundo quadro, colocando algumas coisas meio non-sense no meio, tipo “Dou suporte técnico, cuido do almoxarifado, faço a manutenção do site, limpo a orelha do chefe, experimento a comida pra ver se tem veneno, engraxo sapato com a língua…”
De maneira geral, acho o traço do André um dos mais legais das webcomics, gosto desse estilo super simples. Mas gostaria de ver ele desenhar nesse mesmo estilo mas à mão. Acho que ficaria com um traço meio Henfil.

Rodrigo Chaves – É uma boa piada, mas acho que ela poderia ser mais bem trabalhada. Do jeito que ela está, ela é até meio previsível. Poderia ser feito um teste para ver se ela não funciona melhor com 3 quadrinhos, ao invés de quatro. Eu fundiria o segundo e o terceiro quadro em um só, afinal eles são só uma idéia, a de que “o Faz Tudo da Silva faz tudo”. Acho que aumentaria o impacto da piada.

Rafael Dourado – Talvez melhor que o dinheiro no último quadrinho, um contra-cheque (ou holerite dependendo de que luga do país você está). Mas se for pra ser dinheiro mesmo, que parecesse mais com dinheiro sem depender tanto do cifrãozinho. Eu provavelmente faria puxando o bolso pra fora da calça, naquela cena óbvia e clichê do sujeito sem dinheiro.

Rafael Marçal – Uma coisa que me incomodou foi que os cabeçalhos com as falas do narrador estão com tamanhos diferentes, mesmo com o texto ocupando uma linha só em todos os casos. E no último quadro eu faria um enquadramento diferente do Faz Tudo, algo dando mais destaque ao holerite, mostrando o piso de TI ou algo assim mais direcionado ao público. Poderia até fazer o holerite pela visão do personagem, aparecendo apenas as mãos dele segurando o papel, daria para colocar várias piadinhas no descritivo do holerite e evitaria a semelhança com uma cédula, que na minha opinião, não representa bem a piada, embora não mate o sentido dela também. Repito que reparei nessas coisas, pois parei para reparar nessas coisas especificamente.

Wesley Samp – Essa foi a que eu mais gostei das três. Foi a que me passou melhor o tal “efeito do último quadro”, em que ocorre algo que era inesperado até o quandro anterior.
O que me chamou mais atenção aqui foi o uso das caixas de texto coladas na borda superior do quadro e com fundo preto, como é o seu padrão. Apesar de harmonizar com o layout das suas tiras, eu penso que o uso da caixa descolada da borda provavelmente aumentaria o destaque do texto. A disposição com a caixa solta talvez permitisse, lá na primeira tira, que eu identificasse o texto “flashback” com mais facilidade.
No geral, eu acho que as tiras já estão com o estilo bem amadurecido, tanto no roteiro quanto na arte. O traço simples e reto com o preto e branco chpado sempre me remetem ao clima do Dilbert, que acho que tem similaridade com o VdS na temática (ambas aacabam falando, de uma forma ou de outra, do ambiente corporativo – no caso das tiras do André, focando num aspecto específico desse cotidiano).

Will Leite – A minha sugestão é que na parte que o personagem pauta suas funções na empresa (suporte técnico, almoxarifado, etc) poderia ser ilustrado, digo, ele exercendo cada uma dessas situações. Claro, o trabalho seria maior, e a tira ficaria maior também. Sei que temos ainda que considerar que estamos fazendo tiras para a internet, onde a frequência de atualização é importante. Mas o resultado seria mais admirável.
Uma avaliação geral: Um “problema” que vejo em se fazer tiras com personagens e assuntos fixos, é que o estilo da tira termina por “viciante”, quero dizer, as tiras ficam todas muito parecidas. E isso coloca o trabalho em risco, pois os leitores podem ver aquilo como repetitivo. A minha sugestão é, além de variar os contextos (mas sem perder o foco da proposta inicial das tiras) – coisa que o André tem feito bem – é ousar nos desenhos, mas também, sem perder a cara do traço inicial. Dar umas “desbaratinadas” no enquadramento, expressões, essas coisinhas já dá um tapa no problema.

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É isso aí galera. Quem tiver mais algum comentário para fazer, concordou ou discordou de alguém, deixe aí nos comentários!