COMENTANDO TIRAS – Os Levados da Breca
Hora de mais um Comentando Tiras!
Nessa sessão avaliamos as três últimas páginas ou tiras do seu site de quadrinhos e discutimos o que faríamos para melhorá-las.
A vítim… Digo, o avaliado de hoje é ele, o rapaz que tem um quadro do Romero Britto (certeza que tem), Wesley Samp do Os Levados da Breca.
Quer participar? Mande um e-mail para contato@cafecomhq.com ou comente aqui no Café.
Rafael Dourado – Aparentemente o Wes não manja muito do universo feminino… Mulheres JAMAIS admitem que existe uma friendzone, por mais que elas sejam especialistas em aprisionar os nerds nela. Isso a parte, só achei que ele estava longe demais no primeiro quadro para ouvir o que as meninas disseram… E, no último quadrinhos, ele devia estar mais feliz, pra reforçar a piada…
Rodrigo Chaves – Acho que falta alguma coisa nessa tira, talvez seja aquele impacto do último quadrinho. É uma tira que tem muito mais potencial do que mostra o resultado. Esse enquadramento “3×4” nos dois últimos quadrinho não funciona, acho que ficaria melhor ele andando, num momento mais “introspectivo” do que esse ar de compartilhamento com o leitor que passa o enquadramaneto e a pose como estão.
Enfim, precisa ser mais trabalhada.
Will Leite – Eu prefiro não ficar avaliando cada tira pelo lado técnico, digo, avaliar a tira graficamente. Isso soa como procurar defeito. rsrs Eu acho o trabalho dele excelente, um traço próprio, um trabalho dedicado. Mas não descordo dos colegas que dizem que uma alternativa ou outra poderiam somar no resultado final da tira.
Avaliarei então como leitor, aos olhos de um leitor que vai lá pra ler e sai do blog em 40 segundos. Começando… essa tira aqui não peca na piada. A gente logo encontra onde tá a moral, a graça. O desenho ajuda. Ela faz parte de uma sequência, mas ainda assim funciona bem isoladamente.
Leonardo Maciel – Pra mim, boa tira. Gosto que o Wes tenha jogado com dois planos no primeiro quadro, adicionar esse tipo de profundidade no desenho sempre deixa a composição dele mais rica. Gostei da piada também.
Mas concordo com o Dourado, um exagero maior na felicidade do personagem no último quadro teria vendido a piada melhor. Sei lá, levantar os braços, abrir um sorrisão, gritar “Friendzoooone!” no final. Acho que a gente esquece que muito da piada pode estar só no desenho, algumas vezes ele basta pra tornar algo engraçado. Se a gente olhar trabalhos de caras como Jack Davies, Will Ellder e All Jafee a gente nota que às vezes as piadas eram até fracas, mas eles tornavam a piada ótima pelo desenho. Eram caras que desenhavam engraçado…
André Farias – Gostei da piada mas concordo com o Léo e o Dourado que se no último quadrinho o personagem estivesse com uma expressão feliz ficaria mais bacana ainda. Com relação à parte visual não tenho o que falar, o trabalho do Wes é muito massa, seu traço, cores, sombreamento, enfim, funcionam muito bem.
Rafael Marçal – Nessa tira achei bem usado os dois planos e gostei da expressão inocente dele. Só não gostei do aperto no primeiro balão de fala.
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Rafael Dourado – Aí o sujeito fica lendo as mentirinhas do coala de Sexta-feira e resolve ver se consegue fazer a audiência chorar… Essa HQ ficou muito boa, e eu destaco o que mais me chamou a atenção: Primeiro, a opção de cores, que deu toda a dramaticidade que a história pedia. Segundo, o timming certo para mostrar a agressividade do pai sem que ele seja realmente violento. Percebe-se ser alguém prestes a explodir mas que jamais vai fazê-lo. Terceiro, os 3 últimos quadros, só na silhueta, que faz todos nós nos sentirmos tão mal quanto o pai do personagem..
Rodrigo Chaves – Num momento coaliano, Wes tenta arrancar lágrimas de fofura dos seus leitores. Essa HQ ficou bacana. A única coisa que me incomoda é entre o segundo e o terceiro quadro (bem legal a solução de fazer a mesma imagem cortada ao meio para serem dois quadrinho) em que o corpo do pai do Wes tem um problema de continuidade. Acho que falta continuar o braço (fazendo o ombro) no segundo quadrinho. Mas é só um defeitinho numa HQ bem interessante.
Will Leite – Tiras emotivas, normalmente guardam o ‘golpe’ para o final. Para o último quadro. Não sou do tipo que chora lendo tiras, mas o que mais cutucou meu lado emotivo foi o quadro onde fecha no desenho e o que ele diz que já fez o dever de casa e não os quadros finais, deles cabisbaixos. O lance das cores, numa paleta só, foi bem explorado mesmo.
Leonardo Maciel – não tenho muito o que falar, muito boa a página. O desenho tá no teu melhor, a narrativa e a história também tão boas. Eu só tenho uma sugestão, no segundo/terceiro quadro(s). Pra aumentar o efeito de ameaça e autoridade do pai, eu teria posicionado a câmera em baixo, vendo o pai como no exemplo abaixo, até mais exagerado.. Meio que contrapondo o quadro em que se vê o Wes de cima, dizendo que já fez a lição de casa, acentuando a fragilidade dele.
André Farias – Ao contrário do Will eu sou um cara que chora lendo tiras, principalmente quando tem crianças, porque penso nos meus filhos. Por isso que parei de acessar o Mentirinhas nas sexta-feiras 🙂
Cores, traço, diálogos, tudo muito foda!
E a história é realmente bastante emotiva ainda mais pelo fato de não ter um final feliz, o que acho dá um maior impacto à mensagem.
Rafael Marçal – Clara referência às HQs do Coala e isso somado ao auto-biografismo (?) da HQ deixou muito legal. Aliás me pergunto por que você não fazia esse tipo de HQ ainda? Gostei das cores, do ritmo e tudo mais. Eu faria sem a última linha de quadros, mas aí depende muito do tipo de reação que você quer causar. E concordo com as soluções aí para o quadro dividido, só que ainda acho que o fato de você ter ousado nessa montagem deve ser elogiado, parabéns.
Rafael Dourado – Eu não entendi o que está na mão do Bezerra. Pode ser que seja uma latinha de cerveja, pode ser que seja um copo de plástico que começou a derreter com o sol – e que tem um dedo albino boiando dentro, ou pode ser uma daquelas garrafinhas cantis de bêbado de filme, e se for faltou a indicação de ser metálica… Tudo isso passaria desapercebido se o traço da tirinha não fosse todo corretinho, e só esse detalhe saltasse aos olhos… Da próxima vez desenha ela tosca que aí nem daria pra perceber que você não sabe fazer latinhas. 😛
Rodrigo Chaves – Gostei muito dos olhos do Bezerra se revirando a cada quadrinho. Fica engraçado. Esse detalhe poderia ser expandido para todo corpo, mostrando que ele está bêbado, balançando o corpo e tal. Só uma sugestão, não chega a ser um defeito. Defeito é parecer que ele está bebendo de um tubo de cola. O que é que ele tem na mão?
Quanto à piada em si… tem que para de falar com o Marçal, tá Wes? O mais engraçado da tirinha são os olhos revirados do Bezerra. Um bom exemplo de como temos que ganhar terreno com tudo o que pudermos. O texto tem que ser engraçado, o desenho tem que ser engraçado, o andamento tem que ser engraçado… porque se alguma das coisas falhar, as outras seguram a onda.
Will Leite – Essa aqui, assim como a primeira, funciona bem isoladamente também, ainda que faça parte de uma sequência. Piada de bêbado… parece que todo mundo gosta. Piada de bêbado está para os quadrinhos, assim como pênalti batido no meio do gol está para o futebol… é quase sempre seguro.
Leonardo Maciel – galera, vocês não entenderam a graça da piada. É porque não é uma piada de bêbado, é uma piada sobre um cara que cheira cola, ou drogas ainda mais pesadas, já que isso pode ser um tubo de Lisoform.
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André Farias – Ri muitos dos comentários dos caras sobre essa tira! Realmente parece que ele tá bebendo um tubo de cola. O cara de camisa amarela também me pareceu uma mistura de Clark Kent com o Mauricio de Sousa 😀
Também ficou legal, apesar de achar as anteriores melhores.
Rafael Marçal – Não vou comentar essa piada, pois não gosto de piada de bêbado, vocês nunca me viriam fazendo uma piada assim… Eu nem bebo. Uma dica, desenhe um copo, é mais fácil que aquelas garrafinhas de metal =P
Gosto muito do traço do Wes. Acho bem legais os desenhos de super-heróis que ele posta no facebook e gostaria que ele fizesse mais tiras dos personagens adultos dele que tem se mostrado muito interessantes.
No mais, parabéns a todos pela seção!
Muy massa! A HQ do Wes ficou realmente muito boa.
Se quiserem, podem me debulhar no próximo Comentando Tiras! Só tenho a ganhar hehe
Abraço!
Não acho que eu tenha algo a acrescentar ao trabalho do Wes. Já achava o trabalho dele foda antes de ele mudar a pegada pra essa fase em que tem retratado os adultos, e agora está melhor ainda.
As sugestões foram todas questões estilísticas, justamente o que difere os artistas entre si. E esse é um pouco do problema de quando um artista analisa outro: ele faria diferente, sim, mas é justamente o traço distintivo pessoal da arte que faz a diferença. Por exemplo, o último quadrinho da primeira tira. Ele poderia está com um sorrisão, ou comemorando? Claro. Daria um outro sentido à tira, provavelmente. Mas a emoção sutil (bem mais complicada de retratar, aliás) do Wes (personagem) concluindo sobre o que seria Friendzone funcionou muito bem, a meu ver.
A HQ, aliás, é justamente desta nova fase do site, que retrata não só as crianças, mas suas relações emocionais e familiares. Há outras tiras que demonstram que a relação do Wes com o pai tem seus ruídos e mal entendidos. Esta pequena HQ trabalha mais a fundo esta relação, que já tinha sido pincelada em outras tiras. E devo dizer, gosto muito deste desenvolvimento.
Acho que até por identificação pessoal minha.
Eu me identifico muito com esta personagem. O Wes meio que me descreve quando criança: cabelo encaracolado, óculos gigantes, tímido, nerd, gosta de desenhar, dado a platonismos – até mesmo a camiseta vermelha! E, tal como ele, também tinha uma relação estranha com meu pai. Hoje, adulto, tentando analisar com certa distância, tenho a impressão de que um nerd fracote que não gosta de futebol não era o que meu pai esperava de um filho homem. Acho que ele não me entendia muito bem. Veja, a relação não era ruim. Mas havia um estranhamento, uma divergência de gênios que eu enxergo muito fortemente na relação do Wes com o pai, e muito mais ainda nesta tira.
Tirando a questão da garrafa, que realmente ficou estranha (é um daqueles cantis achatados de levar no bolso, certo? Se for mesmo, o Dourado tem razão, uma “linha metálica” resolveria), e o penúltimo quadro da segunda HQ (achei que a postura ficou meio dura, como se fosse um boneco), eu só vejo mesmo referência pra enriquecer meu próprio trabalho.
Não tem tempo pra desenhar mas fica aí escrevendo essas monografias nos comentários hahahaha
Ah, escrever é rapidinho… eu digito rápido.
O processo de confeccionar uma tirinha é mais demorado… 😛
Muito boa a HQ coalistica do Wes, pra mim a melhor já feita por ele. Só mudaria uns quadros do pai, botando um pouco mais expressivos.